terça-feira, 13 de julho de 2010

Quem é você no Teatro do ABC?



Quanta gente faz teatro no Grande ABC? Difícil mensurar. Diferentes artistas e grupos, de formações distintas, filosofias diversas. Muito tem se falado sobre a produção teatral da região. Uma iniciativa louvável como o ABCena realizado pelo SESC buscou reflexões sobre diversas questões que permeiam o teatro do subúrbio, como foi dito, sem medo do sentido pejorativo da palavra. Há novas e velhas iniciativas, que contribuem positiva ou negativamente para a resolução ou a melhoria da situação atual. Mas o fato é que pouca gente, pouca gente mesmo, conhece de verdade o que se faz por aqui em sua plenitude nos dias de hoje.
O cenário é diverso e conhecê-lo profundamente não é fácil. Muitas vezes o que se coloca como a Produção Cultural do Grande ABC pelas grandes mostras não passa de uma fatia dela. Há outras fatias deste bolo que não conquistam visibilidade seja por falta de apoio ou articulação, por divergências políticas, por falta de contatos ou mesmo por opção de não aparecer e não participar. Muito já se ouviu falar de integração, de diálogo aberto etc., mas o fato é que tudo isso ainda está muito longe do ideal. Há gente preocupada com a troca, com o crescimento e o fortalecimento da arte. É verdade também que muita gente tem dificuldade de participar das discussões e da movimentação cultural devido à sua própria rotina, que muitas vezes inclui uma dupla jornada. Não se pode deixar de dizer também que muita gente escolhe aquilo de que participa, fomenta e divulga por um critério diferente do da qualidade artística, que também é bastante discutível. Há outros que freqüentam e participem deste ou aquele movimento tendo em vista interesses pessoais deixando todo o resto de lado. Há quem adore receber público, mas odeie ser público dos outros. Há quem se negue terminantemente a participar de qualquer coisa e ainda quem desconheça o que acontece do portão para fora de sua casa. Deve provavelmente haver também outras formas de participação e envolvimento, as quais eu infelizmente desconheço.
Independente das escolhas pessoais ou do coletivo de que se faz parte, o mais importante é ter claro o que se pretende com seu teatro. Muito disso se realiza durante a formação, seja ela nas escolas de teatro, seja na prática diária. Além disso, é também preciso ter em mente de que fatia se faz parte e ao menos conhecer outras fatias deste grande bolo, circular por outros pontos e conhecer outras realidades que podem até se mostrar interessantes e complementares àquela inicialmente escolhida ou pensada. Conhecer o entorno é também refletir sobre si próprio e conhecer a si mesmo. Fato é que todos aqueles que fazem teatro no ABC, seja ele qual for, faz parte deste cenário. Ideal seria então conhecer o máximo possível do que se faz por aqui. Conhecer é conhecer-se. Mas infelizmente tem gente que não sabe nem quem é, quanto mais saber quem são os outros.
E você? Sabem quem você é no Teatro do ABC?

6 comentários:

  1. Nooossa, falou tudo! Adorei.. Tem muitas pessoas que precisam ler isso.

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  2. Dificil às vezes para muitos é reconhecer onde está. onde participa nisso tudo. onde contribui. onde pode ser aceito ou encaixar-se.
    Saber o que vc faz e porque faz, parece perder o sentido p/ algumas pessoas.
    é bom saber de onde viemos e a que viemos.
    Mostrar-se e demonstrar respeito aos outros artistas. Pois sabemos o quanto é dificil.
    Mas sem deixar de sentir o quanto é prazeroso.

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  3. Oiii vim dar meu pitaco no assunto levantado, acho q podemos acrescentar ainda nesse problema o proprio desconhecimento da população da região sobre o que é feito artisticamente pelos grupos locais, e a desvalorização dos mesmo, creio que isso só pode ser alterado com uma intensa preocupação com a qualidade, para que se possa sempre provar que não é porque é do ABC que o espetáculo é ruim... coisa q mtas pessoas pensam e acabam assistindo apenas o que vem de SP. Então além do questionamento sobre o que se é, também deve haver sobre a qualidade do que se faz, enfim... fazer arte é questionar tudo sempre. Parabéns pelo artigo. Beijosss,
    Andrea Weber

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  4. Obrigado pelos comentários, Galera! A discussão só se iniciou. Debate aberto

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  5. Importante iniciarmos esse debate. Temos que explorar ferramentas para fortalecer os grupos e o teatro na região, senão ficará cada um "entocado" em sua casa e não seremos divulgados. Se eu crio o hábito de ir ao teatro, eu vou ver a minha, a sua, a peça do outro... é realmente a criação de um hábito cultural. O Casimiro está para isso: Fortalecer a arte na região como um todo, principalmente na área de artes cênicas, para juntar os parceiros. Vamos lá Varlei!

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  6. Fazer teatro é não limitar-se àquilo que é só seu. É explorar também no outro a beleza de uma verdade, de um gesto bem construído,da voz cuidada, da vibração de energia que nos é transmitida quando se é feito com vontade.

    Quantas e quantas vezes escutei: "Quem faz teatro precisa assistir teatro".
    Acredito que, antes de mais nada, o artista precisa QUERER. Querer assistir, querer trocar, querer crescer, buscar alternativas e referências.

    Está crescendo o número de artistas no ABC(o que é louvável),porém, muitos se desconhecem ou desconhecem o trabalho do outro. Acredito na mudança, mesmo que seja a longa data.
    Outra questão, é ver qdo colegas, mesmo os conhecidos,não se interessarem a prestigiar um trabalho que não seja próprio, e ainda sentir menosprezo ou preconceito por parte deles. É delicado, mas infelizmente acontece muito.

    Novos trabalhos e grupos estão surgindo. É neles também que podemos nos espelhar e aprender muito.

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